No nosso blog, sempre vamos trazer entrevistas com os melhores jornalistas do momento.
Hoje, nosso entrevistado é o excelente repórter e apresentador, Luiz Fará Monteiro, que atualmente trabalha na TV Record de Brasília.
Carioca de nascimento, já foi radialista, apresentador do DF No Ar (TV Record Brasília), além de atuar como correspondente internacional na África do Sul por dois anos. Atualmente trabalha como repórter de assuntos políticos e econômicos no Jornal da Record News, com Heródoto Barbeiro.
Com exclusividade, a entrevista com o jornalista Luiz Fará Monteiro.
Carioca de nascimento, já foi radialista, apresentador do DF No Ar (TV Record Brasília), além de atuar como correspondente internacional na África do Sul por dois anos. Atualmente trabalha como repórter de assuntos políticos e econômicos no Jornal da Record News, com Heródoto Barbeiro.
Com exclusividade, a entrevista com o jornalista Luiz Fará Monteiro.
BGC: Em Brasília estão os olhos de toda a sociedade. Tudo que acontece vira notícia. Por outro lado, nem sempre as notícias são boas. Como é trabalhar nesse furacão chamado Brasília?
LFM: Em Brasília são tomadas decisões que, goste-se ou não delas, influenciarão toda população. Só discordo é que as notícias não são boas. Há projetos e leis que têm o potencial de melhorar a vida da sociedade. Infelizmente não temos o costume de noticiá-las com o devido destaque.
Profissionalmente falando, o desafio de trabalhar no furacão Brasília está no acesso à informação de qualidade e saber filtrá-la com discernimento. Como lidamos quase sempre diretamente com a fonte (secretários, deputados, senadores, ministros, etc) é necessário maior cuidado com apurações, contradições e interesses que estão por trás de uma informação.
BGC: Você também tem passagens pelo rádio. É mais prazeroso trabalhar em rádio ou em TV? Quais foram as maiores diferenças que você encontrou nesses veículos?
LFM: Eu diria que são veículos distintos. Comecei em rádio aos 16 anos aqui mesmo em Brasília como locutor. Por estar quase sempre ao vivo e abrir muito mais espaço para a interatividade, o rádio torna-se muito mais dinâmico e próximo do ouvinte, ao contrário da televisão. O rádio ainda tem uma ferramenta muito bem usada que é o telefone do ouvinte, o que dá a seus coordenadores em tempo real se a programação está agradando ou não sua audiência.
Mas a tv tem na imagem seu grande trunfo. E se uma imagem diz mais que qualquer texto ou narrativa, o veículo explora sua programação valorizando cada vez mais a imagem e seu alcance para incrementar sua cobertura.
BGC: Você já apresentou programas populares em Brasília, além de cobrir notícias políticas. Qual desses trabalhos te dá mais prazer? Trabalhar em meio aos políticos é fácil?
LFM: Fui contratado pela TV Record para estrear o DF no ar, o telejornal local matutino. Fazer jornalismo local te faz sentir mais próximo da comunidade. Te permite atuar como uma espécie de porta-voz do cidadão. E isso é muito bom. Ouvíamos reclamações e cobrávamos uma resposta do poder público. Conseguimos consultas médicas, medicamentos, ativação ou melhoria de linhas de ônibus para quem não tinha acesso ao transporte público e coisas assim, que te faz sentir útil, usando sua profissão em benefício da coletividade.
Hoje só faço jornalismo nacional, com coberturas essencialmente políticas ou econômicas. Não menos importante, é um tipo de jornalismo com cobertura macro, onde seu público alvo é o Brasil e não a localidade onde você vive. Não posso dizer qual deles me dá mais prazer porque no local atuei como apresentador e me senti bem operando nos dois modelos.
No entanto, ao atuar como repórter no jornalismo nacional de Brasília sinto que o tempo passa mais rápido e o cansaço chega mais cedo. (risos)
BGC: Nos conte como foi sua experiência na África do Sul, como correspondente internacional da TV Record. Como foi a recepção do povo africano? Quais foram os maiores desafios do seu trabalho estando fora do Brasil?
LFM: Se eu descrevesse a experiência na África do Sul como fantástica e maravilhosa, ainda me faltariam adjetivos. Cheguei em Johannesburg em novembro de 2008 e saí em outubro de 2010. Fomos a primeira emissora privada brasileira no continente. Morei num país lindo e maravilhoso que adotei como segunda pátria. É claro que se trata de uma nação com muita desigualdade. Mas que faz inveja a brasileiro em questões de infraestrutura em vários setores. A rede de turismo é mais que profissional. Estradas e aeroportos são de primeiro mundo. O custo de vida é menor que o nosso, sendo que a qualidade de produtos e serviços muitas vezes supera a nossa.
Sobre a receptividade posso dizer que melhor seria impossível. Ainda mais no período próximo a Copa do mundo, quando o futebol brasileiro ainda gerava grande expectativa mundial.
Nosso maior desafio foi superar questões técnicas como a baixa velocidade da internet naquele período. Muitas reportagens minhas deixaram de ir ao ar porque gastávamos muito tempo para gerar o material. Outro problema foi uma burocracia excessiva do serviço consular. Meu visto de trabalho, prometido para 20 dias levou 13 meses até ficar pronto, o que me obrigava a deixar o país a cada 90 dias.
BGC: Nós sabemos que preconceito existe em todas as estâncias trabalhistas. Na sua profissão, você já se sentiu ofendido com algum comentário de seus entrevistados? Em 2012, a revista Veja mostrou uma reportagem onde destacou o resposta que o Ministro Joaquim Barbosa deu ao ouvir sua pergunta. Na ocasião, a reposta foi extremamente grosseira. Como é para você ter que lidar com esse tipo de tratamento?
Link da reportagem da Veja: VEJA
LFM: Me senti extremamente ofendido pela reação porque minha pergunta foi pertinente e a resposta ganhou denotação pessoal. Não existe pergunta de negro ou pergunta de branco. Existe o jornalismo. Foi uma pergunta feita de forma educada, como sempre faço aos entrevistados, sendo autoridade ou não. O blog do Noblat divulgou o áudio de tudo o que houve e quem ouviu pode tirar suas conclusões.
O que importa pra mim é que não ficou mágoa. Encontrei o ministro algumas vezes em outras entrevistas. O tratei e fui tratado normalmente.
E agradeço imensamente o apoio que tive de vários colegas e de veículos de comunicação. Destaco a solidariedade que tive do Milton Jung, da CBN, e do Reinaldo Azevedo, da Veja.
BGC: Como é sua rotina? Você consegue conciliar o trabalho com a vida familiar?
LFM: Originalmente estou no Jornal da Record News desde sua criação, com Heródoto Barbeiro. Mas nos últimos meses fui deslocado temporariamente para outros produtos do grupo, como o Fala Brasil e ocasionalmente para o Jornal da Record.
Chego na redação no início da tarde e saio depois que o jornal termina. Temos uma escala de folga justa. Minha rotina familiar quase nunca é alterada pelo trabalho.
BGC: Quais são suas expectativas para o futuro? Você faz planos ou espera acontecer?
LFM: Engraçado que até hoje nunca consegui emprego onde pedi ou deixei currículo. Mas as oportunidades boas sempre vieram ao meu encontro. Mesmo assim não desisti e continuo fazendo planos e lutando pelo que eu quero. Tenho muita vontade de voltar a trabalhar como correspondente internacional. De preferência na África do Sul. Me incomoda o pouco espaço que a mídia reserva ao continente. E se os editores imaginassem o enorme potencial que o país e o continente oferecem, olhariam para a África com muito mais carinho e menos preconceito.
BGC: Em apenas uma palavra:
LFM
Familia: Tudo
Trabalho: Honestidade
Política: Injusta
Brasília: Caldeirão
Fé: Sempre
Deus: Direção
BGC: Deixe uma mensagem para os próximos jornalistas.
LFM: Não pense que é fácil. Se não tiver preparo e perseverança pense duas vezes. Se não estiver no sangue, melhor desistir enquanto é tempo. Um abraço.
BGC: Agradecemos sua participação e lhe desejamos muito sucesso em sua carreira, assim como nas áreas familiar e pessoal.
BLOG DO GUINHO CÉSAR
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