sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

ENTREVISTA EXCLUSIVA - OGG IBRAHIM - TV RECORD

Ogg Ibrahim, pai, casado, palmeirense, jornalista, produtor, editor, escritor, blogueiro, documentarista, cerimonialista, músico, compositor, observador do mundo e cidadão.

Com 50 anos, Ogg faz parte do grupo Record onde atua como repórter e apresentador do Jornal da Record, além de também fazer reportagens para os principais jornais da casa.

Com quase trinta anos de carreira, coleciona em seu currículo grandes reportagens de repercussão nacional. Têm passagens pela TV Morena e TV Campo Grande em Mato Grosso do Sul, TV Record em Florianópolis e TV Record em São Paulo.

Muito simpático, atendeu nosso blog para uma entrevista exclusiva. Com vocês, Ogg Ibrahim.


BGC: Você, além de repórter e apresentador, também encontra tempo para vários outros hobbies. Como consegue conciliá-los?
OGG: Sempre achei que falta de tempo é uma desculpa esfarrapada. Se você se organizar, consegue fazer tudo o que deseja. É claro que um dia ou outro a coisa aperta, mas no geral concilio trabalho, compromissos pessoais e sociais e exercícios físicos sem problemas.


BGC: Entre os seus robbies preferidos, estão o de músico. Nos conte um pouco da sua paixão pela música, e em que ela te ajuda nos outros setores da sua vida? E nos fale sobre o prêmio que você ganhou com sua composição "O Abraço da Terra".
OGG: Eu sou músico muito antes de ser "gente" (risos). Comecei a tocar violão com 5 anos de idade e nunca mais parei. Escrevi minha primeira composição aos 18, participei de vários festivais, ganhei alguns e estou finalizando meu segundo CD. Foram duas obras caseiras, sem divulgação, apenas para registro das minhas composições. A música é minha terapia - quando o dia é pesado, me tranco num pequeno estúdio que montei em casa e boto os anseios pra fora escrevendo as letras, compondo arranjos e refazendo instrumentos do que já está pronto. Desenvolver a criatividade compondo ajuda a escrever melhor meus textos. Sobre O Abraço da Terra, foi vencedora de um festival em Campo Grande/MS em 1993. A musica acabou virando um hino do estado e até hoje toca por lá. Já foi gravada por alguns intérpretes amigos e chegou a tocar até em Portugal. É minha declaração de amor à terra que me acolheu quando cheguei por lá em 87.


BGC: Ainda falando em hobbies, nos fale um pouco da sua paixão por esportes radicais, especialmente o de andar de skate.
OGG: (Risos...) O skate é uma coisa de um passado não muito recente. Hoje só umas voltinhas no condomínio com o de um vizinho. Mas já fui piloto de rally (campeão duas vezes em MS), fiz trilhas de moto, tive jipe, quadriciclo, adorava jetski e rapel. Hoje, beirando os 50 anos e com a profissão que tenho, não posso mais me dar ao luxo de ficar de molho com um braço ou uma perna quebrados (como já aconteceu umas 6 vezes antes). Então me dedico ao basquete, que jogo com colegas da Record, e sou viciado em pedaladas. Tenho 3 bicicletas que, brinco, são minhas amantes!! Pedalo quase todos os dias e é o que mantem em forma - o corpo e a mente!

BGC: Você já teve passagens pelos estados de Mato Grosso do Sul e Florianópolis, além de atualmente estar mais vinculado ao estado de São Paulo. São regiões completamente distintas. Tem algo que você tinha nessas outras regiões que não consegue ter em São Paulo?
OGG: Sim!!!! A calma e a tranquilidade. Em Florianópolis e Campo Grande as pessoas na rua são mais gentis, mais solidárias. Por causa da correria e do trânsito, em São Paulo as pessoas não dão valor a determinadas atitudes. No trânsito principalmente. Mas a cidade tem seus encantos e já me acostumei ao caos urbano que ela oferece. Ah, nas outras cidades tem uma coisa que aqui não tem: a velha passadinha na casa do amigo pra bater um papo, tomar uma gelada... Aqui só com agendamento antecipado e se o trânsito não complicar (risos)!!



BGC: O que é ser jornalista pra você? Porque você escolheu essa profissão? E quais são os principais desafios encontrados nela?
OGG: Ser jornalista é ser um contribuinte da história universal. É poder colaborar com a história de uma cidade, de um país, poder fazer parte dela, ajudar a contar e mostrar o que é certo e o que é errado. Na verdade eu não escolhi essa profissão, foi ela que me escolheu quando fui convidado para Trabalhar na TV Morena (Campo Grande) em 87. Acharam que eu tinha pinta e voz de apresentador (risos). Até que deu certo!!! Os desafios são sair todos os dias e voltar para a redação com uma boa história, o que nem sempre acontece. Quando está tudo pautadinho é fácil. O problema é quando a gente sai pra começar a apurar um caso e ele vai crescendo no decorrer do dia. Quando a matéria vai ao ar é uma realização!!


BGC: Você apresenta também, em algumas oportunidades, o Jornal da Record, que é ao vivo. Já cometeu alguma gafe que gostaria de compartilhar com os nossos leitores?
OGG: Olha, fiquei pouco mais de um ano na bancada no Jornal da Record e foi uma experiência incrível, realizadora. Mas prefiro a rua, o contato com o mundo lá fora. Não me lembro de qualquer gafe cometida na apresentação. Mas me recordo de uma situação em que terminei o jornal que apresentava em Campo Grande, praticamente agachado atrás da bancada num esforço descomunal, porque a cadeira que eu sentava tinha caído do praticável. Quase fiquei sem fôlego pra dar o "Boa Noite" (risos).

BGC: Todos nós sabemos da responsabilidade em se veicular uma notícia e buscar as fontes corretas, sabendo que lidamos com os problemas das pessoas e com a opinião pública. Como você lida com isso?
OGG: A gente aprende que o jornalismo tem de ser imparcial. Mas as vezes não é possível ser 100% assim. Como seres humanos, a gente se comove com o drama alheio, se emputece com a malandragem, principalmente na política, e comemora a superação, o sucesso e as conquistas de personagens. As vezes somos tratados como carniceiros atrás de informações sobre um crime. Mas faz parte. Sem sagacidade e persistência não conseguimos produzir nada. Procuro fazer o meu trabalho pautado sempre na honestidade e humildade.


BGC: Em seu blog (http://noticias.r7.com/blogs/ogg-ibrahim), você realça que, em algumas oportunidades, não está ali como jornalista, mas como cidadão. Você consegue separar suas opiniões do momento em que faz uma reportagem ou apresenta um jornal?
OGG: Quando apresento ou faço reportagens tenho de ser imparcial ao máximo. Mas no blog tenho mais liberdade. Ali faço os desabafos que não poderia fazer na TV. Mas sem exageros. Não gosto muito do jornalismo opinativo como vejo em alguns apresentadores de telejornais. Eu lanço a polêmica e dou o meu ponto de vista, mas quem vai julgar o que é certo ou errado, de acordo com seus credos, é o meu leitor.

BGC: Política. Como você acompanha o atual momento político do país?
OGG: Acompanho com muita apreensão. Vejo problemas sérios que a grande massa que vota desconhece. Sinto uma orquestração maléfica para o país que não está aos olhos da maioria. Acho que estamos num caminho suspeito encoberto por programas que simplesmente tapam os olhos da população inculta e carente. E isso me assusta.

BGC: Fora do trabalho você consegue separar o jornalista do Ogg José Ibrahim, já que as pessoas sempre te vêem como um representante da comunidade (sociedade)?
OGG: Sim, separo muito bem. É claro que muitos me abordam em restaurantes ou na rua, quando estou fora do trabalho, com a família, para sugerir pautas ou relatar problemas do bairro. Mas sempre ouço na boa, dou atenção. Afinal é um telespectador que me assiste, me curte. Mas na maioria das vezes procuro deixar na TV os problemas da profissão e em casa os problemas de casa. Se misturar não consigo ter uma vida tranquila em nenhum dos ambientes.


BGC: Como jornalista desde 1987, quais foram as principais mudanças que você observou na sua profissão?
OGG: A agilidade. Tempos atrás você levava horas para saber de uma notícia, um fato ocorrido na sua rua, na sua cidade, no país. Hoje tudo é registrado quase em tempo real através da internet. Mas a pressa em dar a informação muitas vezes leva à jornalistas cometerem erros que vão sendo corrigidos ao longo do dia. Já vi notícias que começaram com "5 supostos mortos" e terminaram com "apenas 2 feridos".

BGC: A classe jornalística no Brasil não é muito valorizada salarialmente, exceto alguns poucos exemplos. Na sua opinião, porque isso acontece e qual seria a solução para se resolver esse problema que afeta grande parte dos jornalistas?
OGG: Historicamente, a profissão demorou a ser reconhecida. Tanto que temos na história centenas de grandes jornalistas que nunca foram formados em comunicação. Até hoje! E agora com a tentativa (desmontada, graças a Deus!) de derrubada do diploma, tentava-se desmoralizar a profissão. O problema agrava o que já era precário. Faltam investimentos das empresas, a internet barateou o custo das publicações e com isso desvalorizou o trabalho dos profissionais. Também tenho visto gente cada vez mais nova nas redações e nas ruas, sem muito preparo ou vivência, que topam trabalhar por um salário minguante. As empresas tiram proveito disso sem pensar muito na qualidade da informação que está veiculando.



BGC: Como você vê as recentes ordens de uma emissora TV sobre a aparência dos jornalistas no vídeo (Globo proíbe jeans rasgado, manga bufante, cabelo grande e unha preta). Você concorda com essas normas ou acha que o jornalista deve decidir sobre sua aparência no vídeo?
OGG: Na minha opinião a aparência tem a ver com credibilidade. Você compraria um carro de um mendigo ou de um gerente de banco? Claro, são discriminações, mas elas tem efeito na nossa sociedade. Quando você vai para uma entrevista de emprego, não se veste de bermuda e camiseta! No jornalismo televisivo alguns acessórios chamam mais atenção que a notícia. Acho que precisa existir um padrão, mas sem exageros. Não o dos cabelos laqueados que não se mexem com o vento, mas o padrão da responsabilidade, da seriedade, da sobriedade. Senão, nada seria levado a sério.


BGC: Como você vê seu atual momento profissional e quais são suas expectativas para o futuro?
OGG: Eu estou vivendo um dos meus melhores momentos como repórter de uma grande rede. Me sinto realizado com o que faço, mas gostaria de poder fazer um pouco mais. Não ligo para prêmios, mas ainda não pintou aquela grande reportagem que eu pudesse enquadrar e pendurar na parede. Fiz grandes coberturas sim, mas querer um pouco mais, sempre, não me deixa acomodar. Tenho sempre de correr atrás do que posso fazer melhor.

BGC: Atualmente, você está mais habituado em fazer reportagens investigativas. Qual a área do jornalismo que mais te cativa?
OGG: Hoje faço um pouco de tudo. Como fico mais no factual, acabo pegando mais assuntos policiais. Mas gosto de economia, saúde, tecnologia, comportamento e fiz uma boa cobertura política quando estive em Brasília por um mês cobrindo férias de uma colega. A gente não pode escolher. O que cair na rede, tem de fazer bem feito. Não gosto de derrubar pauta pelo assunto. Só se realmente não virar. Matéria boa é a que vai pro ar, não interessa sobre o que!


BGC: Em apenas uma palavra:
OGG: Família: alicerce!
          Jornalismo: realização!
          Música: terapia!
          Fé: combustível!
          Deus: iluminação!
          Voz: ferramenta!

BGC: O que a frase ""Não são as respostas que movem o mundo e sim as perguntas" significa pra você?
OGG: É a essência que move o jornalismo em nossas vidas. O que seria do repórter se não fossem as perguntas que fervilham em sua cabeça? E o que seriam de nós, seres humanos, se não fossem os questionamentos que fazemos da vida? Aquele que não tem perguntas a fazer sobre qualquer coisa, não tem motivos para continuar vivendo. E jamais teremos respostas pra tudo que nos incomoda e nos intriga.

BGC: Deixe sua mensagem para os futuros jornalistas.
OGG: Leiam muito. Sejam curiosos e insistentes. Sejam desconfiados e duvidem de tudo que lhes disserem. Pesquise antes de escrever. Sejam honestos e humildes. Nunca coloquem sua profissão acima do direito dos outros. Sejam respeitosos e sinceros. E, mais que tudo, tenham fé naquilo que desejam!

BGC: Nossos sinceros agradecimentos a você Ogg e o desejo de muito sucesso em sua carreira e na sua vida pessoal também. Abraços do blogdoguinhocesar.blogspot.com

BLOG DO GUINHO CÉSAR

Nenhum comentário:

Postar um comentário