Ele é jornalista desde 1986 e professor de Jornalismo na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC).
Desde os 11 anos de idade, já alimentava o sonho de ser jornalista.
Com passagens nas rádios Mogi das Cruzes, CBN (7 anos), Bandeirantes (12 anos) e desde 2011 na Rádio Estadão, tem experiência de sobra para falar sobre jornalismo atual e tradicional.
Para o Blog do Guinho César, ele falou sobre as rádios em que trabalhou, Copa do Mundo no Brasil e desafios do jornalismo.
Acompanhe a entrevista exclusiva com o jornalista e âncora do Jornal Estadão 1ª Edição, Haisem Abaki.
BGC: Descreva o Haisem Abaki.
HA: Um cara que tenta ser correto com as pessoas.
BGC: O que é ser jornalista pra você?
HA: É ter a capacidade e principalmente a humildade de perceber os assuntos que interessam às pessoas e tratá-los de modo sóbrio, sempre procurando ouvir todos os lados. Mas esse comportamento não deve ser confundido com indiferença e com falta de bom humor. Dependendo do papel que o jornalista exerce (se for o âncora de um programa, por exemplo), essas atitudes também não devem significar um impedimento da opinião do profissional. Mas a opinião deve ter sempre embasamento na razão e não na paixão.
BGC: O que te fez se apaixonar pelo rádio? Em quem você se espelhou para chegar onde chegou?
HA: Comecei a ouvir rádio ainda criança, com meu pai. No início, não entendia muito bem as notícias que ele ouvia em árabe, mas aos poucos fui me interessando e fiquei fascinado ao pensar como alguém podia falar ali. Sempre ouvi de tudo, de jornalismo a comunicadores populares. De José Paulo de Andrade a Eli Corrêa, entre muitos outros. Depois trabalhei com esses dois e muitos outros que ouvia. Aprendi muito com todos e não gosto da separação, quase um preconceito, que ainda se faz entre jornalistas e comunicadores populares.
HA: Eu não diria incompatibilidade, mas visões diferentes sobre como fazer rádio e em alguns momentos, visões diferentes sobre o processo de gestão. Só isso. Tenho bons amigos lá e sempre sou lembrado, inclusive com referências no ar. É uma ótima casa.
HA: Em termos de liberdade, não vejo diferenças. Trabalhei na CBN/Globo por sete anos, na Bandeirantes por 12 e estou desde setembro de 2011 na Estadão. Não tive problemas sérios em relação a isso. As emissoras são parecidas em alguns aspectos, mas cada uma tem suas particularidades, sua linha editorial e seu ambiente de trabalho. A Bandeirantes, por exemplo, era uma rádio que trabalhava mais a opinião. A CBN, no meu tempo, se preocupava menos com isso. Na Estadão, percebo um meio termo, que considero ideal.
HA: Penso que ainda somos “o país do futebol”, mas temos muitos problemas de gestão nas federações e nos clubes. O futebol não deve ser visto isoladamente, fora do contexto do país. É um retrato do país, para o bem e para o mal.
HA: Essa história ainda é complicada e gera muitas discussões movidas por paixões ideológicas e partidárias. Quem é a favor da Copa é tido como “governista”. Quem é contra ou levanta alguma suspeita é apontado como “golpista”, “pessimista”... É óbvio que o país, apesar de muitos avanços, ainda tem carências. Podemos fazer a Copa, sim, como estamos fazendo. Por outro lado, isso não significa fechar os olhos a possíveis irregularidades que tenham acontecido e que devem ser apuradas.
HA: Eu sempre procuro viver o presente. Por mais que a gente tenha uma história construída, é o presente que mantém essa história. É também o presente que pode destruí-la. Mas eu diria que o momento mais importante foi quando tinha entre 11 e 12 anos e disse a meu pai que queria ser jornalista. A coisa começou ali.
HA: Acho que a lista seria quase interminável... Como já disse, prefiro pensar mais no presente. O que mais me incomoda é a intolerância. Intolerância com a opinião do outro, intolerância com a religião do outro, intolerância com o time de futebol do outro. Intolerância rima com ignorância e com arrogância, não é mesmo?
HA: No começo de 1987 eu era um “foca” na Rádio Diário de Mogi e no jornal Diário de Mogi, em Mogi das Cruzes. Acompanhei um trabalho dos Bombeiros, que retiraram o corpo de um menino vítima de um deslizamento após uma forte chuva. Foi um impacto e na época acho que não estava preparado para isso. E nem hoje estaria, apesar da maior experiência agora.
HA: Podem, mas os papéis devem ficar mais claros. Vejo alguma confusão nisso, assim como entre informação e opinião. Mas o mais importante é que o profissional seja correto e transmita credibilidade no que faz.
HA: Não sei se é exatamente uma técnica porque comigo ocorre naturalmente. Eu gosto do rádio “conversado” e é o que procuro fazer. É uma mistura do que aprendi ouvindo jornalismo e comunicadores populares desde a infância.
HA: Penso que a instantaneidade, o improviso, o “bom nervosismo” diante de um acontecimento importante que muda toda a programação e, principalmente, a proximidade com o ouvinte são grandes diferenciais do Rádio. Temos que usar bem as ferramentas tecnológicas de hoje, mas sem perder essa essência. É isso... Essência também rima com audiência.
HA: Em 1991, eu tinha 27 anos e participei do projeto de implantação de uma nova rádio, a CBN, outra ótima casa onde trabalhei. Depois, um pouco mais experiente, fui para uma emissora já consagrada, a Bandeirantes, que existe desde 1937. Agora, ainda mais experiente, participo do projeto de uma rádio que ainda pode ser considerada nova, a Estadão. Penso que estamos colhendo os frutos aos poucos e esta é a melhor maneira: crescer com consistência. Estou com ânimo de garoto nesse projeto.
HA: Envelhecer fazendo o que gosto, mas sempre me renovando com projetos e desafios.
Viagem: Qualquer lugar em boa companhia
Livro: São tantos... Pra citar um só, “A Reforma da Natureza”, de Monteiro Lobato. Acho que foi o primeiro que li.
Filme: Cinema Paradiso
Deus: Guia
Fé: Essencial
Família: Tudo
Trabalho: Dedicação
Rádio: Paixão
Ouvinte: Companheiro
HA: Não gosto de receitas prontas. O importante é conhecer todo o processo. Para ser um bom profissional, é preciso saber o que o seu colega está fazendo e respeitar o trabalho dele. Também é importante conhecer o Rádio como um todo, as várias funções que nele são desempenhadas e as necessidades do público. Creio que devemos ser menos jornalistas e mais cidadãos. Jornalistas pensam que sabem o que é mais importante para os outros, mas devem ouvir mais as “pessoas comuns” e jamais imaginar que estão acima delas.
O Blog do Guinho César agradece a atenção e lhe deseja muito sucesso em sua carreira e vida pessoal.
Twitter: @guinho_cesarf
Email: blog@blogdoguinhocesar.com
BLOG DO GUINHO CÉSAR
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